Ela queria ser menos intensa. Pensar menos e se sentar calmamente na mesa da indiferença. Derrubar a ansiedade e viver a liberdade de se transformar devagar, sem a velocidade desse pensamento a se desordenar. Ter a vida fácil, intubar a dor, o temor e tudo mais que cause confusão e ardor. Queria fazer análise, catálise, diálise... E se livrar do sangue que corre quente no peito.
Deixar de ser assim
e ser de outro jeito. Deitar e dormir
tranquila no leito. Esconder os fantasmas
embaixo da cama. Deixar memórias guardadas
com pijama. Às vezes, ela até preferia ser assim, diferente. Aceitar que é de carne, que é gente. Mas temia quando a loucura se tornava imensa e a deixava tensa.
Tinha sede de liberdade, mas relutava quando o desejo era mais forte que a sobriedade. Então, tentava equilibrar o sentimento, se guardar um pouquinho por dentro. Desenvolver a calma e aparar as arestas da alma. Tentava se contentar com uma brisa suave e não se surpreender com a ventania inesperada de Ser.
Acreditava em alguma magia do Divino e nas pesquisas da ciência. Desabafava-se em sua caixa de letras, buscava resiliência e fingia ter paciência. Autoria de: Tati Vidal
Sobre a autora
Tati Vidal é cantora, compositora, escritora e preparadora vocal. Desenvolve pesquisas relacionadas à voz e à expressão humana há mais de 20 anos.
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