top of page
Foto do escritorAngelo Tribuzy

Os Filósofos da Música

As modificações na compreensão da música pelos pensadores gregos


Platão apostava na influência da música na alma humana, acreditando que a música seria capaz de modelar o ser humano para o bem ou para o mal.

Pitágoras (c. 570 s.C - 493 a.C), filósofo grego, foi considerado o primeiro a desenvolver uma teoria relacionando a música ao funcionamento do universo. Os gregos, em sua cosmologia, pensavam num universo ordenado a partir de uma série de esferas, uma para cada ser celeste, tendo a Terra ao centro. Pitágoras acreditava em uma relação numérica entre as esferas e a harmonia musical. Os movimentos das esferas, segundo ele, gerariam a "música das esferas". Para o filósofo, mesmo que esses sons não pudessem ser percebidos pelo ouvido humano, eles revelavam a harmonia fundamental do universo. Essa harmonia dos sons, do mundo sensível habitado pelo ser humano, refletia a harmonia do cosmos.


Platão (423 a.C. - 348 a.C) e Aristóteles (348 a.C - 322 a.C) observaram e se preocuparam mais com os efeitos da música sobre a sociedade. No terceiro livro da República, Platão especificou o tipo de música ideal para o homem virtuoso. Platão apostava na influência da música na alma humana, acreditando que a música seria capaz de modelar o ser humano para o bem, quando bem utilizada, ou para o mal, se usada de forma inadequada. Para Platão, a música inaudível, ou metafísica, refletiria a harmonia do universo, sendo assim, uma suprema forma de beleza na qual deveria estar espelhada a harmonia da alma e da vida.


Já Aristóteles, em sua teoria mimética, discorreu sobre a arte afirmando-a como uma imitação do mundo. Sobre a música, o filósofo sugeriu que os modos gregos influenciavam a parte psicológica dos ouvintes, afetando suas emoções e suas características.

Uma alegoria da música das esferas, gravura de Agostino Carracci a partir de original de Andrea Boscoli. Imagem em tons de cinza.
Uma alegoria da música das esferas, gravura de Agostino Carracci a partir de original de Andrea Boscoli.

Posteriormente, seu discípulo Aristóxenes passou a afirmar que os intervalos musicais não deveriam ser julgados por proporções matemáticas, como faziam os pitagóricos, mas pelo ouvido. Para ele, a percepção deveria apreender os princípios da música. Aristóxenes percebia que o entendimento da música se dava pela experiência musical. Devia-se ouvi-la e memorizá-la para compreendê-la. Possuía uma visão diferente dos intervalos, harmonia e ritmo musical. Em seus escritos, ele se distanciava de seus predecessores ao colocar pela primeira vez em dúvida a subordinação da música e da teoria musical à aritmética, estabelecendo um novo modo de se pensar a música.


No século II, Ptolomeu foi o último dos grandes cientistas gregos responsável por sintetizar a obra de seus predecessores estudando não só astronomia, mas também matemática, física e geografia. Ele, também, foi o último pensador a contribuir para o pensamento sobre a música na Grécia. Suas teorias uniam os estudos matemáticos de Pitágoras à experiência musical proposta por Aristóxenes e ampliavam a ideia da "música das esferas" em estudos que conectavam a harmonia musical à cosmologia.


Leia outros artigos semelhantes na categoria música.

Inscreva-se para receber notificações de novos artigos como este.

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page