Hoje, o Ao Redor faz uma breve pausa na publicação de novos poetas para apreciarmos juntos os versos do nosso consagradíssimo Manuel Bandeira, escritos em 1939, que dedicamos hoje a todos os meninos e meninas que habitam em nós.
Versos de Natal
Espelho, amigo verdadeiro,
Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realismo exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!
Mas se fosses mágico,
Penetrarias até o fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera do Natal
Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.
– Manuel Bandeira, em ‘Lira dos cinquent’anos’ 1940.
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