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O pioneirismo de Manfred Mohr e sua arte algorítmica

Atualizado: 25 de jan.

A arte digital tem sido cada vez mais valorizada nos últimos anos, especialmente com a popularização de tecnologias que permitem a criação de imagens e ilustrações por meio de algoritmos. Um dos pioneiros nesse campo é o artista alemão Manfred Mohr, que criou obras de grande impacto e inspirou muitos outros artistas ao redor do mundo. Neste artigo, vamos conhecer um pouco mais sobre a história e a obra desse artista tão importante.


Quem é Manfred Mohr?

Manfred Mohr em Nova York, setembro de 2019
por Manfred Mohr, New York - Fonte: https://tinyurl.com/37a3tn9c

Manfred Mohr nasceu em Pforzheim, Alemanha, em 1938. Desde jovem, mostrou interesse pela matemática e pela geometria, o que o levou a estudar engenharia elétrica e matemática na Universidade Técnica de Stuttgart. No final dos anos 50, ele se mudou para Paris, onde começou a trabalhar como engenheiro na área de telecomunicações e, ao mesmo tempo, frequentar a École des Beaux-Arts de Paris.


Em Paris, Mohr teve seu primeiro contato com a arte cinética e a Op Art, movimentos que utilizavam a geometria e a ilusão de ótica para criar efeitos visuais interessantes. Ele se interessou pelo potencial desses movimentos para a criação de obras abstratas e experimentais, mas sentia que faltava algo: a capacidade de programar algoritmos para criar imagens de maneira precisa e complexa.


A arte algorítmica de Mohr

Nos anos 60, Mohr começou a desenvolver seus próprios programas de computador para criar obras de arte abstratas e geométricas. Ele utilizava linguagens de programação como FORTRAN e COBOL para escrever algoritmos que geravam imagens a partir de fórmulas matemáticas complexas. Suas obras eram criadas por meio de processos automatizados, o que permitia uma precisão e uma complexidade que seriam impossíveis de se atingir manualmente.


Plotter controlada por computador - Institut Météorologique, Paris 1970
Foto: Rainer Mürle, Pforzheim

As primeiras obras de Mohr eram impressas em papel, mas logo ele começou a trabalhar com plotteres, máquinas que desenham linhas e formas em papel ou outros materiais. Com o uso de plotteres, Mohr podia criar imagens ainda mais complexas e detalhadas em grande escala.


As obras de Mohr eram marcadas pela precisão geométrica, com linhas retas, ângulos perfeitos e formas abstratas que pareciam se mover e se transformar diante dos olhos do espectador. Elas eram também muito sofisticadas do ponto de vista matemático, incorporando princípios como a teoria dos conjuntos e a topologia.


A influência de Mohr na arte digital

A arte algorítmica de Manfred Mohr foi uma das primeiras manifestações da arte digital, um campo que tem crescido e se diversificado muito nos últimos anos. Suas obras inspiraram muitos outros artistas a explorar as possibilidades da programação e da automação na criação artística.


Hoje, as obras de Mohr são valorizadas por colecionadores e instituições de arte em todo o mundo. Em 2013, uma grande retrospectiva de sua obra foi realizada no ZKM | Centro de Arte


Contemplar a obra de Manfred Mohr é uma experiência única e que nos leva a refletir sobre as possibilidades de utilização da tecnologia na criação artística. Suas imagens abstratas, criadas por meio de fórmulas matemáticas complexas, parecem nos transportar para outras dimensões em que a geometria e a precisão são elementos fundamentais.


Desenho por plotter, Manfred Mohr
P-370-P Divisibility II - Fonte: https://tinyurl.com/3d8bbj3s

Mas a obra de Mohr não é apenas uma celebração da tecnologia e da matemática. Ela também nos convida a refletir sobre a nossa própria relação com o mundo e com as formas que nos cercam. Ao criar imagens abstratas que parecem ganhar vida diante dos nossos olhos, Mohr nos leva a questionar nossas percepções e nossas formas de ver o mundo. Suas formas geométricas precisas e cores vibrantes nos convidam a explorar novas possibilidades e perspectivas sobre a realidade que nos cerca. E mesmo que não entendamos todos os aspectos matemáticos envolvidos em sua criação, somos tocados pela beleza e profundidade de suas obras.


Eis a grande contribuição de Manfred Mohr para a arte digital: ao explorar as possibilidades da programação e da automação, ele nos mostrou que a tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa para a expressão artística, mas que ela não é um fim em si mesma. O que importa, no fim das contas, é a mensagem que a obra transmite e a forma como ela nos alcança.


Com suas obras que vão além do mundo digital, Manfred Mohr nos mostra que a arte não precisa estar confinada às telas dos nossos computadores. Suas criações, agora presentes em galerias de arte em Nova York, nos desafiam a repensar nossas concepções sobre a arte e a tecnologia.


Manfred Mohr é um pioneiro, um artista visionário que abriu caminho para novas formas de expressão artística. Ele nos mostrou que a tecnologia não é um inimigo da arte, mas sim um aliado poderoso que pode nos ajudar a expandir nossas fronteiras criativas e a nos conectar com o mundo de maneiras nunca antes imaginadas.


A obra de Manfred Mohr é um convite à reflexão e à descoberta. Que possamos continuar a explorar as possibilidades da tecnologia na arte e a valorizar artistas que nos desafiam a pensar fora da caixa e a buscar novas formas de expressão e conexão com o mundo.


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