top of page

Chiquinha Gonzaga e "ร“ Abre Alas": A Marchinha que Abriu Caminhos para a Liberdade no Carnaval

  • Foto do escritor: Ao Redor - Cultura e Arte
    Ao Redor - Cultura e Arte
  • 3 de mar.
  • 3 min de leitura
"Cada nota carrega o sonho de uma mulher que abriu alas para o Brasil inteiro passar."ย ย 


Enquanto o Brasil se prepara para o Carnaval de 2025, รฉ impossรญvel nรฃo revisitar as raรญzes dessa festa que pulsa no coraรงรฃo da cultura brasileira. Entre os nomes que moldaram nossa musicalidade, destaca-se uma figura revolucionรกria: Chiquinha Gonzaga. Compositora, maestrina e uma mulher ร  frente de seu tempo, ela nรฃo sรณ desafiou as normas do sรฉculo XIX como nos presenteou com "ร“ Abre Alas", a primeira marchinha de Carnaval, um hino de resistรชncia e alegria que ecoa atรฉ hoje.ย ย 

ย 

Nascida em 1847 no Rio de Janeiro, Francisca Edwiges Neves Gonzaga, conhecida como Chiquinha, foi uma das primeiras mulheres a romper as barreiras de um universo musical dominado por homens. Desde cedo, mostrou talento excepcional para o piano, mas sua vida pessoal foi marcada por escolhas corajosas: aos 16 anos, casou-se por imposiรงรฃo familiar, mas abandonou o marido anos depois para seguir sua paixรฃo pela mรบsica โ€” um escรขndalo na รฉpoca. Como mรฃe solteira e artista, enfrentou preconceitos, mas nunca recuou. Sua carreira floresceu com composiรงรตes para teatro, valsas, polcas e, claro, o Carnaval.

ย ย 

"ร“ Abre Alas": Mais que uma Marchinha, um Manifesto

Em 1899, Chiquinha compรดs "ร“ Abre Alas" para o cordรฃo carnavalesco Rosa de Ouro, no bairro carioca do Andaraรญ. A melodia simples e contagiante rapidamente se tornou um sรญmbolo das ruas, mas sua letra carrega um significado profundo:ย ย 

> "ร“ abre alas que eu quero passar...ย 

> Eu sou da lira, nรฃo posso negar!"ย 

Aqui, Chiquinha nรฃo apenas celebra o Carnaval, mas reivindica espaรงo. A "lira" remete ร  mรบsica, sua identidade e arte. Em uma sociedade que limitava o protagonismo feminino, a composiรงรฃo era um grito por liberdade โ€” tanto artรญstica quanto pessoal. A marchinha, que hoje parece inocente, foi um ato polรญtico: uma mulher comandando o ritmo da festa, abrindo caminho para que outras vozes fossem ouvidas.ย ย 

Legado para o Carnaval e para o Brasil

ย 

Chiquinha Gonzaga morreu em 1935, mas sua obra transcendeu o tempo. "ร“ Abre Alas" รฉ entoada todo ano, lembrando-nos que o Carnaval tambรฉm รฉ um palco de transformaรงรฃo social. Sua trajetรณria inspira artistas que, como ela, desafiam convenรงรตes: uma mulher que ousou ser maestrina, divorciada, abolicionista e republicana em uma รฉpoca em que sequer podiam votar.ย 


Em meio aos blocos e fantasias, Chiquinha nos convida a refletir: o Carnaval รฉ festa, mas tambรฉm รฉ resistรชncia. Enquanto os tambores soam e as ruas se enchem de cores, Chiquinha Gonzaga permanece viva na alma do Carnaval. Sua histรณria nos lembra que a arte รฉ territรณrio de coragem โ€” e que, graรงas a pioneiras como ela, hoje podemos danรงar, compor e ocupar espaรงos com mais ousadia. Em 2025, quando vocรช ouvir "ร“ Abre Alas", lembre-se: cada nota carrega o sonho de uma mulher que abriu alas para o Brasil inteiro passar.ย ย Viva Chiquinha! Viva o Carnaval que ela ajudou a criar!


Conheรงa nosso livro

Lanรงado em 2024, o livro "Arte em debate: reflexรตes contemporรขneas", da autora Luiza Pessรดa, artista, graduada em histรณria e pรณs-graduada em Histรณria da Arte, reรบne artigos revisados e ampliados do blog Ao Redor Cultura e Arte que abordam temas relacionados ร  arte, alรฉm de textos inรฉditos da autora.


Acompanhe nossos podcasts no Spotify.ย 

Inscreva-seย em nosso blog para receber outras publicaรงรตes sobre arte e cultura

bottom of page