Ao Redor - Cultura e Arte
11 de jul de 20201 min
Ela queria ser menos intensa.
Pensar menos e se sentar calmamente na mesa da indiferença.
Derrubar a ansiedade e viver a liberdade de se transformar devagar, sem a velocidade desse pensamento a se desordenar.
Ter a vida fácil, intubar a dor, o temor e tudo mais que cause confusão e ardor.
Queria fazer análise, catálise, diálise...
E se livrar do sangue que corre quente no peito.
Deixar de ser assim
e ser de outro jeito.
Deitar e dormir
tranquila no leito.
Esconder os fantasmas
embaixo da cama.
Deixar memórias guardadas
com pijama.
Às vezes, ela até preferia ser assim, diferente.
Aceitar que é de carne, que é gente.
Mas temia quando a loucura se tornava imensa e a deixava tensa.
Tinha sede de liberdade, mas relutava quando o desejo era mais forte que a sobriedade.
Então, tentava equilibrar o sentimento, se guardar um pouquinho por dentro.
Desenvolver a calma e aparar as arestas da alma.
Tentava se contentar com uma brisa suave e não se surpreender com a ventania inesperada de Ser.
Acreditava em alguma magia do Divino e nas pesquisas da ciência.
Desabafava-se em sua caixa de letras, buscava resiliência e fingia ter paciência.
Autoria de: Tati Vidal
Tati Vidal é cantora, compositora, escritora e preparadora vocal. Desenvolve pesquisas relacionadas à voz e à expressão humana há mais de 20 anos.
Conheça o trabalho de Tati Vidal em:
https://www.instagram.com/tatividal_voz
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